RIO DE ROMEIRO
Névoa na cidade-mãe.
É a poluição tingindo
o entardecer.
Luto nesse mesmo palco.
Pelo golpe baixo,
Que feriu, fez sangrar.
Tece teu fio, ó rainha,
Viúva eterna,
Seu fio de pó.
(E é esse o pó.
Esse pó, da cidade,
não da grande.Da nossa.
Esse pó, que talha,
e embaraça,
nossa existência)
Busca refúgio ,
Na distância,
Do pensamento.
Pois tua cidade, ó rainha,
Não quer ser órfã
Do tempo.
E a névoa do pó,
que distrai,
Que tu crias,
E perturbas o sono,
de seus concidadãos.
De seus meros vigias.
É a certeza que um reino,
Por mais forte,
por mais distante,
Precisa de base,
E essa base teces,
em forma de amantes.
O povo exaltado,
repara , ó rainha,
que a base que teces,
Lhe traz agonia.
Essa névoa que crias,
Do pó da cidade.
E o povo inquieto,
com teu sofrimento,
grita, para seu tormento:
-Saia do trono, ó rainha querida.
Vá buscar moradia em outra cidade.
Lá não serás rainha,
Mas serás felicidade.
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